Em março de 250 a.C., os romanos celebram uma festa religiosa em
que o protagonista é um ser meio homem, meio deus, que nasceu de mãe
virgem e ressuscita a cada ano. Presentear ovos faz parte da cerimônia.
Não estamos falando da Páscoa, mas de uma das festas que a originou: a
homenagem à deusa Réia e ao pastor Attis, o personagem que ressuscita.
Muito antes do Cristianismo, celebrava-se a entrada da primavera em
rituais que têm muito em comum com a Páscoa dos cristãos. Praticamente,
todos os povos têm sua versão da festa: entre os romanos é a festa da
deusa Réia ou Cibele. Entre os egípcios, a comemoração era para Osíris –
que também ressuscitava. Até mesmo o Pessach, a páscoa judaica que deu
origem à cristã, surgiu dos rituais da primavera dos pastores e
agricultores hebreus, com seus pães sem fermento e sacrifício de
animais.
Se a Páscoa já tinha semelhanças com a festa romana, aumentam mais
ainda no século 9, com a conversão dos povos germânicos ao Cristianismo.
Exatamente como na Antiguidade, os símbolos das festividades pagãs
acabaram incorporados à celebração cristã. É o caso do coelhinho, por
exemplo: o bicho era nada menos que a representação a deusa da primavera
entre povos bárbaros. Ainda hoje, Páscoa é chamada Ostern em alemão e
Easter em inglês – derivações do nome da deusa Eostre. Conotações
sexuais da fertilidade comemorada nos ritos pagãos também influenciaram a
cerimônia cristã. Até meados do século 20, a Páscoa inglesa incluía
brincadeiras eróticas, como levantar uma mulher três vezes – só para
ganhar um beijinho.
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