JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO e AMANDA ROSSI Se suas declarações de bens estiverem corretas, os políticos do PSDB...
O
que puxa a média dos tucanos para cima é o patrimônio declarado por
seus candidatos a vereador. Ele totaliza R$ 5 bilhões, ou R$ 152 mil por
candidato, o que é 47% maior do que a média geral. Porém esse número
pode estar artificialmente inflado por erros nas declarações de bens de
alguns tucanos. Isso não acontece entre os candidatos a prefeito do
partido, e o seu patrimônio médio fica apenas 10% acima do dos outros
partidos.
O mais "rico" candidato a vereador pelo PSDB é o pastor
Waldeci Ferreira, da Assembleia de Deus, que tenta voltar a ocupar uma
cadeira na Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia (GO). Ele declarou à
Justiça eleitoral que sua fazenda de 40 alqueires em Morro Agudo de
Goiás vale R$ 600 milhões. Seria o hectare de terra mais caro do Brasil,
talvez do mundo: R$ 6,2 milhões.
Assim como o pastor Waldeci,
pelo menos outros quatro candidatos a vereador tucanos parecem ter
digitado três zeros a mais em um de seus bens, elevando seu valor às
centenas de milhões. São casas, sítios, apartamentos e terrenos que,
segundo as declarações, valeriam até R$ 500 milhões cada um.
Se
fossem excluídos os zeros adicionais da conta, a riqueza dos candidatos
tucanos a vereador cairia à média dos outros partidos. Mas eventuais
correções só podem ser feitas pelos próprios candidatos, e devem ser
formalizadas junto a um cartório eleitoral. Enquanto isso, vale o que
está registrado junto ao Tribunal Superior Eleitoral.
Os possíveis
zeros a mais no valor de bens declarados não são exclusividade do PSDB.
Candidatos a vereador do PMDB, PSL, PV, PTB, PC do B, PSB, PDT e PT
parecem também ter se confundido ao preencer as declarações para o TSE.
Outro pastor, este do PPS, declarou uma kombi por R$ 199 milhões. São
tantos erros aparentes que, acertadas as contas, o PSDB poderia até
voltar ao topo do ranking da riqueza por candidato.
As declarações
de bens dos candidatos a prefeito são menos exageradas. Examinando-se o
patrimônio dos mais ricos é menos comum encontrar valores estranhamente
altos -apenas três ou quatro fogem escandalosamente à média, e nenhum
deles é tucano. Entre os que disputam prefeituras, há mais erros
aparentes (para cima) em declarações de petistas. Como o apartamento de
R$ 586 milhões do candidato a prefeito de Verdejante (PE).
O PDT é
o partido com a mais alta média de patrimônio de candidatos a prefeito:
R$ 1,314 milhão por cabeça. Ela é puxada para cima por um candidato
apenas, Otaviano Pivetta, um dos dois Pivettas que concorrem à
Prefeitura de Lucas do Rio Verde (MT). Os R$ 321 milhões declarados pelo
empresário do agronegócio não são miragem estatística. Excluídas as
aberrações, ele é o mais rico dos 464.658 candidatos que aparecerão nas
urnas em outubro.
O PP aparece em segundo lugar no ranking
partidário dos patrimônios dos candidatos a prefeito, com média de R$
1,266 milhão. Mas, ao contrário do PDT, essa taxa é inflacionada por um
possível erro de declaração. Concorrente à Prefeitura de Vitória do
Xingu (PA), Sebastião Pretinho Ferreira da Silva declarou que sua
fazenda de 1 mil hectares vale R$ 500 milhões -menos de 1/10 do valor do
hectare do Pastor Waldeci, mas ainda assim, um hectare muito caro.
O
PSDB é o terceiro colocado no ranking da riqueza dos prefeitos, com
média de R$ 888 mil. É 11% maior do que a do PT. Mas nenhum tucano
parece ter errado na conta, pelo menos na casa dos milhões. Os R$ 86
milhões de Jales Fontoura (Goianésia-GO) e os R$ 60 milhões de João
Andrade (Pitangueiras-SP) são oriundos de participações em grandes
empresas. Em compensação, dois petistas parecem ter acrescido zeros a
seus bens.
Mesmo assim, o patrimônio declarado dos tucanos cresceu
proporcionalmente mais do que o dos petistas nos últimos quatro anos.
Em comparação à eleição de prefeitos de 2008, a média do PSDB aumentou
16% acima da inflação, enquanto a do PT cresceu 9% além do INPC do
período. Nada menos do que 18 candidatos a prefeito do PSDB têm
patrimônio declarado superior a R$ 10 milhões, contra 7 do PT -dois
quais dois parecem conter erros.
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