quinta-feira, 19 de abril de 2012

ESTUDANTES BELOJARDINENSES CUIDADO COM A UESPE

A carteira de estudante foi uma das grandes conquistas que a UNE teve na década de 90. Isso por vários motivos, mas o principal deles é que criou uma mobilização em vários lugares pela meia-entrada.
Hoje tenho outra ideia da Lei da Meia-entrada, pois a má organização da própria lei ajudou a criar uma fábrica de cambistas, especialmente em jogos de futebol. O problema não é a meia-entrada em si, mas os pontos mal formulados, da Lei, que coloca um percentual para cada tipo de evento. Isso tem se mostrado ineficaz, porque o cara acaba vendendo meia para todo mundo, sem cobrar a identificação. Nem precisa dizer que neste caso não tem meia pra ninguém. Mas enfim, isso é assunto para outro post.
A carteira de estudante tornou-se então uma forma de viabilização financeira de entidades estudantis. Isso foi muito importante para não depender de ajuda de Governos.
Mas quando o dinheiro começa a entrar, os problemas também começam a surgir.
Ainda na década de 90 montaram uma empresa de confecção de carteirinha que controlava nacionalmente todos os documentos emitidos. O custo que ia para empresa girava em torno de 30% do valor total da carteira. O restante era dividido entre UNE, DCE´s e DA´s, de acordo com o número de carteiras.

Quando assumi o DCE fizemos a carteira na própria UFPE. Como a demora desta centralização era absurda, chegando a demorar meses para o estudante receber a carteira, foi fácil convencer da necessidade de mudança. A UNE cedeu os espelhos e a UFPE fez no NTI todas as carteiras, e bastava ao estudante ir na sede do DCE com a sua fotografia e a carteira ficava pronta na hora. Algo aparentemente simples, mas que foi uma revolução à época.
No Governo FHC, o então Ministro da Educação, Paulo Renato, deu um golpe certeiro na centralização das carteirinhas. Autorizou qualquer entidade educacional a emitir as carteiras e ter a validade para meia-entrada. Com isso acabava o monopólio da carteirinha da UNE.
A partir daí o que se viu foi uma verdadeira promiscuidade na confecção de carteirinhas. Desde a fabricação de documentos falsos até a montagem de entidades cartoriais com o único objetivo de surrupiar o dinheiro das carteiras.
Aqui em Pernambuco o valor recebido pelas entidades passa do milhão de reais.
Vejamos os valores repassados para as entidades secundaristas, segundo o Grande Recife Consórcio:
Ubes – R$ 1,21 por carteira
Total em 2010
R$ 461.652,51
Casa do Estudante – R$ 1,21 por carteira
Total em 2010
R$ 461.652,51
Uespe – R$ 1,95 por carteira
Total em 2010
R$ 743.985,45
Grande Recife – R$ 4,28 por carteira*
Total em 2010
R$ 1,6 milhão
Escolas – R$ 0,35 por carteira
Total em 2010
R$ 133mil
A UESPE, por exemplo, é uma entidade sem representatividade alguma, nas mãos da patota da Correnteza, que se arvora de montar DCEs inexistentes, como o da UFPE, com o único objetivo de montar um esquema milionário de carteira de estudantes. Não presta contas a ninguém, mesmo recebendo milhões de reais em dinheiro público (sim, isso é dinheiro público).
Isso é algo que poderia ser resolvido através da emissão obrigatória de documentos pelo próprio Sistema de Transportes. Bastava criar um cadastro de estudantes, cujo direito seria dado pelo nome, já que os estudantes não devem ser obrigados a sustentar entidades cartoriais apenas para emissão de carteiras.
As carteiras são pequenas, mas os negócios são grandes.

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